Orientação às gestantes

Gravidez não é doença. E’ um estado particular do organismo feminino durante o qual a mulher prepara-se para cumprir sua mais sublime missão: dar à luz uma criança.

Durante esse período é necessário que se adote uma série da medidas de caráter médico, higiênico e dietético que teem por finalidade prevenir o aparecimento de sintomas desagradáveis e concorrer para que a gestação transcorra realmente sadia, preparando o organismo para o parto. Nos tópicos seguintes estão nossos conselhos nesse sentido e também alguns esclarecimentos às dúvidas mais comuns às gestantes.

FREQÜÊNCIA ÀS CONSULTAS

A mulher grávida deve procurar o Obstetra o mais cedo possível, de preferência logo tome conhecimento do seu estado. Nessa ocasião o médico fará um exame geral e solicitará os indispensáveis exames de laboratório. De uma maneira geral, até o sexto mês as consultas deverão ser mensais. Daí até completar oito meses de 3 em 3 semanas. No último mês serão de 15 em 15 dias ou até mais requentes se necessário. Só assim a gestação poderá ser bem acompanhada e a paciente Terá ocasião de transmitir ao médico suas preocupações.

ALIMENTAÇÃO

Deve ser rica e variada. Entretanto é errado pensar que a mulher grávida deve “comer por dois”. O que realmente importa é a qualidade e não a quantidade. Por outro lado, comer muito pouco, dieta com rigor excessivo, pode ser prejudicial e não faz com que o filho venha a nascer com menos peso. Os condimentos picantes (pimenta, mostarda, picles, etc.) e as bebidas gaseificadas, assim como os alimentos excessivamente gordurosos (lombo, toucinho, lingüiça, etc.) não devem ser usados. A gestante deve comer, diariamente, carne, leite, queijo, legumes cozidos, saladas e frutas. Como substituto do leite pode ser usada a coalhada ou o iogurte. A carne deverá ser variada – vaca, peixe, ave – sempre com pouca gordura. Uma vez por semana, fígado, rim ou outra víscera. O arroz, a batata, as massas e os doces devem ser consumidos em menor quantidade para dar lugar aos alimentos anteriormente citados. Se quizer um adoçante não calórico, poderá ser usado o aspartame (contraindicado nos casos de fenilcetonúria), a sucralose  ou a estévia.

AUMENTO DE PESO

A partir do 4º mês o peso deverá controlado semanalmente, em uma mesma balança e aproximadamente às mesmas horas. Ao final da gestação o aumento total não deverá exceder 9 a 11 quilos. Sempre que, em uma mesma semana, o peso elevar-se em mais de 500 gramas, procure seu médico.

VESTUÁRIO

As roupas devem ser amplas e confortáveis, principalmente as internas, não exercendo compressão em qualquer parte do tórax ou abdômen. Cintas apertadas e ligas são proibidas. No final da gestação, se o peso do ventre estiver incomodando, poderá ser usado modelo especial de cinta ou faixa, que sustenta o útero sem comprimi-lo, pegando apenas do umbigo para baixo. Na 2ª metade da gravidez, os sapatos de salto alto não devem ser usados, pois perturbam o equilíbrio, favorecendo acidentes, e forçam a coluna lombar, sendo uma das causas de “dor nas cadeiras”.

EXERCÍCIOS

Os exercícios moderados são benéficos, pois estimulam o organismo, favorecem o sistema nervoso, melhoram as funções digestivas e aumentam a resistência para o parto. A ginástica ou outras atividades às quais a paciente já estava acostumada (entre essas a atividade normal da dona de casa) não precisam ser interrompidas. Tudo, entretanto, deve ser feito com moderação, evitando-se os exercícios violentos, o esforço excessivo, os ambientes confinados.

A ginástica bem orientada é realmente importante. Mesmo quem tem muita atividade, não usa habitualmente certos grupos musculares, como a musculatura abdominal, por exemplo. Não se tomando o cuidado de exrcitá-los de maneira ordenada e constante, eles vão se tornando flácidos. A ginástica deve ser iniciada já no início da gestação, continuando até próximo ao parto. Mesmo que o volume uterino não permita praticar com perfeição, é importante não interromper. De nada adianta passar uma semana sem treinar e depois querer compensar em um dia.

Se não estiver habituada, comece com 2 ou 3 minutos, depois aumente gradativamente até 10 minutos por dia. Mais adiante mostraremos alguns exercícios que podem ser praticados durante a gravidez.

REPOUSO

Para que a atividade física seja realmente benéfica, e necessário que seja compensada pelo repouso correspondente. É necessário dormir oito horas por dia e, no final da gestação, reservar alguns minutos do dia para descansar, relaxando ao máximo os músculos.

CUIDADOS COM OS DENTES

Os dentes devem ser alvo de especial cuidado. Precisam ser limpos pela manhã, à noite e após as refeições, com escova macia. A consulta ao dentista é obrigatória, para limpar o tártaro acumulado, pesquisar focos de infecção e reparar obturações que as vezes caem durante a gravidez. Extrações dentárias podem e devem ser feitas para evitar processos mais sérios.

HIGIENE CORPORAL

O uso da banheira é contra-indicado. O ideal é o banho morno, de chuveiro. Os sulcos naturais (sob os seios, nas partes genitais, entre os dedos dos pés) devem ser limpos com um sabonete que não resseque a pele. Lavagens vaginais são proibidas.

ATIVIDADE SEXUAL

Durante a gravidez normal não há necessidade de limitar a atividade sexual habitual. Basta, apenas, evitá-las nas últimas semanas que antecedem o parto. Quando houver sangramento ou ameaça de abortamento, aí sim, há necessidade de interromper e procurar orientação com seu médico.

VIAGENS

Não há restrição, desde que o veículo ofereça conforto. Se o percurso for longo, deve ser interrompido a intervalos regulares para a gestante poder movimentar-se, evitando a imobilização prolongada. Para viagens aéreas procure ouvir seu médico.

DIVERSÕES E HIGIENE MENTAL

A gestante deve procurar distrair-se, evitando aborrecimentos e preocupações. A tensão nervosa prejudica e evolução da gravidez e o próprio parto. Mediante franca exposição das suas preocupações seu médico poderá contribuir, com esclarecimentos ou remédios, para sua paz de espírito.

FUMO E ALCOOL

O fumo aumenta a possibilidade de abortamento e parto prematuro, perturba o desenvolvimento fetal e prejudica a amamentação. As alterações de paladar e de hábitos alimentares que ocorrem no início da gravidez podem se constituir em boa oportunidade para abandonar o hábito.

O uso de bebidas alcóolicas ou de outras substâncias que causem dependência são também proibidos.

VACINAÇÃO ANTITETÂNICA

O Ministério da Saúde recomenda que toda gestante deva submeter-se a vacinação antitetânica, procedimento que visa, principalmente, evitar o tétano umbilical do recém-nascido. Essa vacina pode ser encontrada nas clinicas de vacinação ou nos postos de saúde. É aplicada em três doses, geralmente em intervalos de 60 dias, devendo a 2ª dose ser feita mais de 20 dias antes do parto. O reforço é ministrado a cada 10 anos ou a cada nova gestação que ocorra há mais de 5 anos da última dose.

CURSOS DE PREPARAÇÃO PARA O PARTO

Quando a tensão estiver relacionada com o medo do parto, um curso de preparação poderá colaborar para fazer desse momento uma ocasião de alegria e não de sofrimento. Durante as aulas a gestante irá conhecer detalhes não só da gravidez e parto, como sobre o seu próprio organismo, aprendendo também a colaborar com o nascimento da criança.

SINTOMAS NORMAIS DA GRAVIDEZ E SINTOMAS ANORMAIS

E’ comum a gestante sentir náuseas, tonteiras, modificações do paladar, dormência, azia, urinar com maior freqüência. São sintomas que não devem assustar. Nesses casos o médico deverá ser procurado apenas para proporcionar alívio ao incômodo que acarretam. Outros, entretanto, podem indicar que esteja ocorrendo algo de anormal e só o médico poderá informar se há ou não gravidade. São os seguintes:

  • hemorragia vaginal, em qualquer época da gestação;
  • cólicas uterinas, principalmente nos primeiros meses;
  • edemas (inchação)
  • aumento exagerado de peso
  • dores de cabeça fortes e freqüentes;
  • alterações da visão, como turvação ou o aparecimento de pontos luminosos.

Surgindo algum desses sintomas procure logo o seu médico.

A IDA PARA A MATERNIDADE

Finalmente, eis que é chegado o momento há tanto esperado. E’ natural que todos fiquem emocionados. Para evitar os atropelos que à última hora sempre ocorrem, tudo deverá ter sido preparado com suficiente antecedência. Um ou dois meses antes da provável data a mala já deverá estar arrumada, com chinelos, roupas de dormir, um soutien grande, escova de dente, sabonete e outros objetos de uso pessoal. Mas leve apenas o indispensável. As acomodações e as condições para internação também deverão ser verificadas com antecipação.

O DIA DO PARTO

Geralmente o parto ocorre 9 meses e dez dias após a última menstruação. Assim, se a regra iniciou, pela última vez, em 4 de fevereiro, o parto será , mais ou menos, em 14 de novembro. Outro exemplo: última regra 15 de outubro, data provável 25 de julho. Isso não significa que a paciente dará à luz exatamente nesse dia. E ‘, apenas, um cálculo aproximado. No dia certo, a própria natureza se encarregará de anunciar o grande acontecimento, pêlos seguintes sinais:

Eliminação do tampão mucoso – será notada a eliminação de quantidade discreta de uma espécie de catarro, eventualmente com raios de sangue. Esse fenômeno é absolutamente indolor.

Contrações regulares e freqüentes – o útero contrai-se, fica endurecido por alguns segundos, como já ocorria algumas vezes durante a gravidez, mas agora com freqüência regular, de 10 em 10 ou de 5 em 5 minutos. E’ o sintoma mais importante.

Ruptura da bolsa d’águas – a paciente eliminará, sem sentir, regular quantidade de água. Esse sinal poderá ser precoce, mas muitas vezes só ocorre próximo à hora do parto, motivo pelo qual, se apareceu algum dos outro dois, principalmente as contrações, não deverá ser esperada a ruptura da bolsa para procurar o médico.

DEPOIS DO PARTO

Ainda na maternidade a mamãe receberá instruções sobre o momento oportuno de levantar, sobre amamentação, etc. Vale, apenas, ressaltar:

  • O intervalo entre as mamadas será orientado pela solicitação da criança, em média de 3 em 3 horas.
  • A mamada será iniciada cada vez em uma das mamas. Após algum tempo poderá ser complementada com a outra mama por mais alguns minutos.
  • Após a mamada o mamilo deverá ser limpo com o próprio leite.
  • As mamas devem ser mantidas elevadas, com auxílio de soutien apropriado.
  • Procure fazer com que cada seio fique complemente esgotado após a mamada, evitando que o leite fique acumulado.
  • Se notar que as mamas estão doloridas, avermelhadas e quentes em algum ponto, procure logo seu médico, para evitar a formação de pus (mastite).
  • Tão logo sinta disposição a mamãe pode e deve tomar banho de chuveiro, sendo infundado o medo de lavar a cabeça.

Nos dias que se seguem ao parto há uma perda sangüínea semelhante à menstruação. São chamados lóquios. Após 3 ou 4 dias os lóquios vão clareando e diminuindo em quantidade, até que na terceira ou quarta semana desaparecem totalmente.

VISITAS

Nas horas que antecedem o parto a futura mamãe estará trabalhando, ajudando a saída do neném. Deve acompanhá-la apenas uma pessoa mais íntima, de preferência o futuro papai. Visitas, nessa ocasião, só irão atrapalhar. Depois do parto, nas primeira vinte e quatro horas, a paciente estará cansada, precisando guardar repouso físico e mental. Parentes ou pessoas muito íntimas poderão visitá-la por alguns minutos, não se permitindo, entretanto, aglomerações no quarto ou interrupções ao necessário sono. Depois então, já em casa, poderá receber visitas a vontade, mas não se permitirá que todos peguem o recém-nascido, pois isso poderá resultar em doenças na criança.

EXERCÍCIOS

Deitada, de barriga para cima, cruzar os braços sobre o tórax. Erguer-se até a posição sentada, depois deitar novamente.

Idêntico ao anterior, diferindo apenas na posição dos braços, que devem ficar erguidos e com as mãos cruzadas sob a nuca.

Deitada, levantar alternadamente a perna esquerda e a direita. Manter a perna bem estendida, não dobrando o joelho. Levantar e baixar a perna devagar, usando a musculatura abdominal.

Difere do anterior apenas por ser feito com ambas as pernas ao mesmo tempo.

Deitada, com os braços abertos, levantá-los até as mãos se tocarem, depois voltar a posição inicial.

Em pé, fazer flexões, procurando tocar as pontas dos pés, sem dobrar os joelhos.

Deitada, com o corpo todo relaxado, respirar apenas com a barriga. As expirações devem ser bem prolongadas, eliminando todo o ar dos pulmões (respiração abdominal ou diafragmática).

Respiração torácica. Aqui a respiração é feita encolhendo e expandindo o tórax, sem movimentar o abdome. É preciso bastante prática para fazer com perfeição.

Após o parto, os exercícios de respiração, agora desnecessários, devem ser substituídos por outros que visam melhor recuperação dos órgãos genitais. São eles:

Deitada, com os braços estendidos, palma das mãos para baixo, pernas dobradas e pés levemente afastados, levantar o corpo apoiando o peso nas pontas dos pés e nas espáduas. Nessa posição, comprimir os joelhos um de encontro ao outro e, ao mesmo tempo, contrair os glúteos, como se fosse prender a evacuação. Em pé, procurando conservar os joelhos e cotovelos retos, andar apoiada nas palmas das mãos e planta dos pés.

Fonte: http://www.materlife.com.br/materlife/2010/03/orientacao-as-gestantes/

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